Olá a todos!
Graças ao XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia que ocorreu em Fevereiro deste ano consegui viajar para Belém, junto com o Ricardo Britzke do Nature Planet, também biólogo, uma vez lá, não poderíamos deixar de visitar os igarapés da região contando com nossos "guias" oficiais Dennis Quaresma - aqui do Sekai - e Douglas Bastos (colaborador do Sekai).
O dia começou bem cedo, nos arrumamos e saímos de carro em direção ao igarapé que fica a menos de 50km de Belém, a parte da estrada que era asfaltada... tudo bem, mas a que não era...
Havia chovido no dia anterior (aliás, coisa "rara" por lá), então a parte da estrada que era de terra ficou um pouco comprometida.
Obviamente que tudo é compensado assim que você sai do carro e avista o igarapé! A beleza é tanta que precisamos parar, sentar e observar.
Alguns fazem isto literalmente, enquanto outros fotografam até não querer mais.
Este igarapé pode ser divido em duas partes, a maior e mais profunda, onde podemos mergulhar e observar os peixes e outra parte um pouco mais rasa, com cerca de 50cm de profundidade no máximo.
Parte maior e mais profunda do igarapé.
Parte menor e mais rasa.
A água do igarapé é calma, cristalina, levemente tingida, de temperatura mais amena, ficando próxima aos 25ºC. As copas das árvores contribuem para que esta temperatura se mantenha assim, além disso, as folhas das plantas que caem na água afundam e repousam no substrato, lá se decompondo e fornecendo abrigo à fauna e nutrientes à flora.
Na foto podemos observar as folhas depositadas no substrato.
Foto submersa
Graças ao tempo quente e úmido existem vários insetos reproduzindo-se no igarapé, esse fato é positivo e negativo ao mesmo tempo. Positivo porque os peixes podem se alimentar das larvas e de alguns adultos e estes insetos ainda ajudam a polinizar algumas plantas, negativos para as pessoas alérgicas, como eu, que visitam o local ¬¬'
Alguns dos "bonitinhos":
Existem também vários outros artrópodes vivendo por alí
A flora é abundante, tanto fora quanto dentro da água:
Dentro da água, as Nymphaea predominam, espalham-se por boa parte da superfície criando uma paisagem magnífica, fornecem abrigo para os peixes, área de apoio para os insetos como já mostrado acima e consomem nutrientes deixados pelas folhas que caem junto ao substrato.
Depois de observar cuidadosamente, resolvemos mergulhar para poder ver os peixes mais de perto!
Dennis observando um pequeno cardume que nadava por alí.
Foto de fora da água não tem graça não é mesmo?
Chegou a hora do mergulho! Não tenho palavras para descrever a sensação maravilhosa que se tem ao nadar lado a lado com os peixes ornamentais que você está acostumado a ver em seu aquário!!! Logo que mergulhei me deparei com um grande cardume de Hyphessobrycon heterorhabdus, eles chegavam tão perto que quem se assustou fui eu, pareciam nem ligar para a minha presença, nadavam tranquilos por entre as Nymphaea e na parte mais rasa da área aberta.
Nadando na parte mais aberta e profunda do igarapé é possível observar cardumes de Bryconops spp. procurando por alimento, cardumes de Heros severus nadando hora perto das raízes, hora perto das folhas flutuantes de Nymphaea, sempre agrupados e atentos, apistos, junto às folhas no substrato, que não nadavam para muito longe das bordas do igarapé.
O único problema era que, ao apoiar nas folhas que repousavam no substrato, era muito fácil levantar sedimentos e, com isso, turvar a água. Isso comprometeu um pouco a qualidade das fotos.
A melhor parte do mergulho com certeza foi poder observar o comportamento natural dos peixes, a razão do porque eles escolherem determinadas áreas para habitar, a ausência dos peixes notívagos que durante o dia ficam escondidos sob as folhas do substrato, os cardumes de tetras e alguns ciclídeos, o comportamento dos peixes que vivem junto à superfície e os que preferem uma vida mais solitária junto ao fundo.
As fotografias desta parte ficaram por conta do Douglas, que possui uma caixa estanque que permite o uso da máquina fotográfica na forma submersa.
Alguns severos nadando entre as raízes.
Outros ciclídeos
Nesta foto submersa, podemos examinar melhor as folhas, também aparecem um cardume de
Nannostomus, um ciclídeo e as
Nymphaea, principais representantes da flora.
Hyphessobrycon heterorhabdus e outros tetrinhas.
Haviam diversas espécies de peixes no igarapé, desde os mais diminutos como o Microcharacidium que, dependendo da espécie fica com 1cm de comprimento quando adulto, até os Heros severus e Bryconops spp.
Durante os mergulhos coletamos algumas delas para fotografar e devolvemos ao igarapé logo em seguida.
Também conseguimos coletar alguns invertebrados como:
Camarão fantasma
Caranguejo
Depois de explorar bastante o local, começou a chover e, como já estava ficando tarde, resolvemos ir embora.
A visão que os peixes tem das
Nymphaea e as gotas de chuva avisando que era hora de ir embora.
Tentamos sair o mais rápido possível da água para evitar molhar os equipamentos, no meu caso as câmeras.
Para finalizar o artigo, uma foto com os quatro participantes da expedição. A ajuda de um tripé nestas horas é fundamental se não houver nenhum local seguro ou da altura certa para tirar a foto!
Dennis Quaresma, Cinthia Emerich, Douglas Bastos e Ricardo Britzke
Gostaria de agradecer
muito aos meninos pelo tempo que dedicaram às expedições (foram quatro no total e vocês verão todas elas por aqui!!!), foram guias perfeitos! Ótimas companhias tanto na hora da bebedeira quanto na hora de levar picadas dos mosquitos, embora eu tenha sido o alvo principal - se não único - deles, mas me deram apoio emocional e é isso o que importa
Cinthia Emerich
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