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A história do Guppy

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Ricardo A. Silva
Ricardo A. Silva

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A história do Guppy Vide

MensagemAssunto: A história do Guppy   A história do Guppy EmptyQui 27 Ago 2009, 20:14Este tópico está bloqueado. Você não pode editar mensagens ou responder.

A história do Guppie


A história do Guppy Blkguppyvc9

Originalmente encontrado nas regiões costeiras da Venezuela e Guiana, e nas ilhas do sul do Caribe: Antiqua, Antilhas Holandesas, Trinidad-Tobago e Barbados, pelo menos até 1910. Barbados poderia ser considerada um “paraíso” no que se refere à virtual ausência de mosquitos transmissores de malária, em uma região onde esta doença é considerada endémica. Este facto levou autoridades sanitárias de diversos países a introduzir o million fish (nome pelo qual o guppie era conhecido em Barbados) em córregos, valas, várzeas, brejos e pauis, onde, devido à sua resistência e prolificidade, adaptou-se muito bem.

Contudo, os objectivos de controle biológico dos vectores maláricos não foram plenamente alcançados, pois estudos posteriores comprovaram que o guppie é omnívoro, fazendo da matéria vegetal parte preponderante de sua dieta. Então, a introdução indiscriminada da espécie em algumas regiões, seja por planeamento deficiente, seja por aquariofilistas ignorantes, causou danos ecológicos, como na ilha Maurício, onde passou a consumir desovas de espécies nativas.

Quanto ao padrão de colorido, as fêmeas são acinzentadas, com reflexos bronze-esverdeados, ventre branco e barbatanas transparentes; os bordos das escamas são escuros, formando atraente rendilhado. Os machos, que raramente ultrapassavam três/quatro centímetros, literalmente explodem nas cores do arco-íris, sobretudo em vermelho, azul e verde metálico, com uma a três máculas no corpo e ainda riscos, manchas, pontos, frisos e debruns em negro, numa variedade de desenhos e padrões difícil de ser descrita. No aspecto taxonômico, este peixinho deu um verdadeiro “baile” em uma “monte” de estudiosos do século XIX. Tudo começou em 1859, quando Wilhelm C. H. Peters, do Museu de Berlin, descreveu um exemplar constante de uma remessa de peixes preservados em álcool, proveniente do norte da América do Sul, denominando a espécie Poecilia Reticulata, devido ao padrão rendilhado acima referido, e assinalando como localidade típica a cidade de Caracas, na Venezuela.

Até aí tudo bem. A confusão  inicia-se em 1861, quando F. de Filippi, do Museo de Torino, Itália, ao analisar exemplares colectados na ilha de Barbados, e aparentemente desconhecendo o trabalho de Peters, classificou-os com o nome de Lebistes poeciloides, novo género e nova espécie. Mais alguns anos se passaram e em 1866, Albert Carl Ludwig Gotthilf Günther, do Museu Britânico de História Natural, na página 353 de seu extraordinário “Catalogue of the fishes of the British Nuseum”, descreveu uma espécie denominando-a Girardinus guppii, em homenagem a seu colector e remetente, o clérigo anglicano, reverendo Robert John Lechemere Guppie, com localidade típica na ilha de Trinidade. Ironicamente, na página 352, confrontante com a página 353 do mesmo trabalho, relaciona Lebistes poeciloides de Filippi. E não foi só: na página 356, revisando a descrição feita por Peters, lista Girardinus reticulatus, sem se dar conta que se tratavam todas da mesma espécie.

Outros naturalistas ocuparam-se da espécie, alguns aumentando a confusão: Girardinus reticulatus Eigenmann & Eigenmann, 1881; Poeciloides reticulatus Jordan & Gilbert, 1883; Heterandria guppii Jordan, 1887; Girardinus guppii Regan, 1895; Poecilia reticulata Garman, 1895; Poecilia poeciloides Garman, 1895; Acanthophacelus reticulatus Eigenmann, 1907; Acanthophacelus guppi Eigenmann, 1910; Girardinus poeciloides Boulenger, 1912; Poecilia poeciloides, Langer, 1913. Bem, chegamos assim ao ano de 1913, quando Charles T. Regan, a partir de detalhado estudo comparativo das estruturas componentes do gonopódio, concluiu que todas as espécies acima relacionadas eram na verdade apenas uma. Ora, a regra de prioridade constante das normas de nomenclatura zoológica determina que se deva validar o nome mais antigo, neste caso Poecilia reticulata Peters. Todavia, Regan havia constactado pequenas diferenças entre esta espécie e a espécie-tipo Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801, o que justificaria sua inclusão em géneros separados. O género seguinte, na ordem cronológica era Lebistes e, portanto chegamos a Lebistes reticulatus (Peters, 1859). Esse nome perdurou inalterado por 50 anos, com apenas uma discordância: Glaridichthys reticulatus Milewiski, 1920.

Porém, no ano de 1963, em revisão geral da família Poeciliidae, Donn E. Rosen & Reeve M. Bailey, consideraram Lebistes como um sub-gênero de Poecilia, finalmente estabelecendo o nome Poecilia reticulata Peters, 1859 como definitivo. Deixemos bem claro que esta “Babel” não se deveu à incompetência ou egocentrismo dos referidos zoólogos, mas antes à ausência, naquela época, de normas internacionalmente aceites, de precariedades de comunicação entre instituições e ao facto de que muitas descrições basearam-se em indivíduos sub-adultos ou em um único exemplar, às vezes sem o registro de sua procedência ou com o mesmo incorreto, mau estado de conservação, e assim por diante.

Regan teve a vantagem de trabalhar alicerçado em um código internacional, o qual foi adotado no mundo todo a partir do V Congresso Internacional de Zoologia realizado no ano de 1901. Até então, cada país tinha seu código particular.

O pequenino peixe do reverendo Guppie iniciou sua trajectória pelos aquários do mundo nos idos de 1908, importado por comerciantes alemães com a finalidade de suprir a crescente demanda por peixes tropicais exóticos, pois já naquela época destacava-se a Alemanha como o país mais avançado em aquariofilia. O Segundo Reich, regido pelo Kaiser Guilherme II, atravessava um período de expansão económica e colonial, e seus aquariofilistas tinham acesso a peixes ornamentais das mais diversas regiões do globo. Todavia, os meios de transporte eram muito precários, sendo os peixes trazidos por via marítima, em grandes tambores de folha de flandres, demorando a viagem várias semanas; assim sendo não é de estranhar a altíssima taxa de mortalidade dos peixes e a consequente elevação de preço alcançado pelos sobreviventes que chegavam ao destino. Segundo Uwe Peter Kohnen, no seu livro “O Guppie, criação e desenvolvimento”, um casal de guppies podia custar naqueles tempos até oitenta marcos em moedas de ouro. Os primeiros casais foram adquiridos por entusiastas, forçosamente pessoas abastadas, sendo aclimatados em suas estufas, onde se reproduzindo admiravelmente, granjearam o apelido de millionenfische.

O advento da Primeira Guerra Mundial, entre os anos de 1914 e 1918, e a subsequente derrota teutónica, determinou certo grau de estagnação da aquarifilia naquele país, situação que perdurou até o grande movimento de reconstrução nacional do final da década de 40 e início dos anos 50. Nos anos que se seguiram ao conflito, os lebistes foram introduzidos nos Estados Unidos, causando verdadeira comoção popular e conquistando rapidamente um público cativo. Os autores de artigos em publicações especializadas referiam-se aos peacock fishes (peixes pavão), com expressões tais como riot of color (orgia de cores), ou bits of rainbow (pedaços de arco-íris). Note-se que até aqui estivemos a falar de guppies selvagens, verdadeiros “guarubistes”. Referiam-se também os articulistas à extraordinária variabilidade da espécie: “No two fish are alike in color and markings”. Esta última característica permitiu que no decorrer da década de 20 fossem selecionadas algumas variações, principalmente no que se refere à conformação da barbatana caudal, surgindo tipos como: espada alta, espada baixa, alfinete, dupla espada, e outros. simultâneamente,  passaram a ser utilizados como animais de laboratório, sobretudo em pesquisas de fisiologia e genética.

No Japão os guppies chegaram no início da Era Showa, aí por volta de 1926, ficando inicialmente restritos aos grandes aquários públicos. Aproximava-se um período sombrio para a economia mundial, culminando com a chamada grande depressão.

Com a eficácia das medidas anti-recessivas, inicia-se nova fase na aquariofilia, sendo fundados clubes e associações, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. No início dos anos 30 a produção interna desses países já supria inteiramente a demanda, não mais sendo necessária a importação de guppies selvagens; além disso as raças de aquário já diferiam sobremaneira das raças selvagens quanto ao tamanho, padrão de cores e formato das caudas, embora mantivessem a característica de não existirem dois machos exatamente iguais. Tal facto ocasionava em 1934 diferenças de preços é, por exemplo, um casal custava em Nova Iorque, dependendo de sua conformação, entre meio dólar e 20 dólares. Graças ao trabalho combinado de geneticistas e hobbistas, desenvolveram-se as variedades gold, blond e albina.

Uma nova e terrível guerra mundial irrompe, ocasionando um hiato de mais alguns anos. No pós-guerra as sociedades e clubes reorganizaram-se , realizando as primeiras exposições e concursos, de caracteres nacionais e internacionais. Entre os óguppistasó daquela época um nome se destaca: Paul Hahnel - um marceneiro de ascedência alemã e guppista por hobby. O norte-americano Hahnel desenvolveu, através de paciente trabalho seletivo, as primeiras raças modernas de guppies. Bem conhecido na América, Paul Hahnel alcançou projecção mundial a partir de 1054, durante a primeira exposição internacional de guppies, realizada na então Alemanha Ocidental, onde ófaturouó os três primeiros lugares nas classes em que participou, feito que repetiu no ano seguinte. Desde então estas grandes exposições internacionais têm sido realizadas anualmente na Alemanha. A partir de 1960 a Áustria também passa a realizar uma exposição anual, tendo ficado famoso o show ocorrido em julho de 1968, em Viena, o qual recebeu ampla cobertura fotográfica da revista Tropical Fish Hobbyist de novembro daquele ano (vol.XXI, n o 11). A guppimania que dominou a década de 60, tomou novo impulso a partir deste evento, atingindo o auge em meados da década de 70. A edição de abril de 1974 daquela revista trazia nada menos do que seis anúncios de firmas oferecendo casais ou trios descendentes de linhagens campeãs, sem contar os materiais correlatos, como: ração em flocos específica para guppies, criadeiras automáticas, entre outros. Os peixes mais caros eram das raças arlequim (red Half black) e viúva negra (black orchid), do criador L. Wasserman, cotados a US$45,00 cada trio.

No Japão a popularidade do guppie deu-se em meados da década de 1959, mas este relativo atraso foi rapidamente compensado através da aplicação da Filosofia Yamato (persistência e perseverança). Os japoneses não pouparam esforços nem dinheiro para atingirem seus objetivos. Para se ter uma idéia da dedicação dos guppimaníacos do País do Sol Nascente, basta citar o grande criador Hiroshi Waizumi, o qual relata que por volta de 1964 casais de guppies de procedência alemã ou norte-americana chegavam a custar de 150.000 a 200.000 ienes ou seja, de 750 a 1.000 dólares, ao câmbio da época. Com tal motivação, os resultados não se fizeram esperar, culminando em uma raça de guppies tipicamente nipônica, um verdadeiro vitral natante é o guppy glass.

Outro povo asiático que também se destacou foram os singapureanos, que contando com incentivos governamentais, apurada selecção e uso intensivo de anabolizantes, produziram peixes fantásticos, realmente inacreditáveis. Visando unicamente a exportação, e com uma produção de nível industrial, causaram a queda dos preços no mercado internacional, contribuindo para o término da idade de ouro dos guppies. No entanto, o reverso da moeda também existe, pois a grande maioria das raças de lebistes de Cingapura não se presta à reprodução, por serem resultado de cruzamentos múltiplos e submetidos a tratamentos hormonais.



Texto retirado de: GuppyBrasilia.com.br
Escrito por: Alexandre Peres
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